segunda-feira, 20 de julho de 2009

Dia do Amigo

Sei lá, recebi tão comovedoras mensagens pela data de hoje (que ignorava ser “Dia do amigo”), que me senti na terna obrigação de colocar no Blog do Acervo HBC os versos que fiz para um lindo choro de meu queridíssimo Capiba. Essa música foi inicialmente gravada por Zé Renato e Lenine, e posteriormente por Simone e Zélia Duncan, e dedico-a a vocês :


AMIGO É CASA
Capiba/Herminio Bello de Carvalho

I
Amigo é feito casa que se faz aos poucos
e com paciência pra durar pra sempre.
Mas é preciso ter muito tijolo e terra
preparar rebôco, construir tramelas.
Usar a sapiência de um joão de barro
que constroi com arte a sua residência
a que o alicerce seja muito resistente
que às chuvas e aos ventos possa então a proteger

II
E há que fincar muito jequitibá
e vigas de jatobá
e adubar o jardim e plantar muita flor
toiceiras de resedás
não falte um caramanchão pros tempos idos lembrar
que os cabelos brancos vão surgindo
Que nem mato na roceira que mal dá pra capinar
e há que ver os pés de manacá
cheinhos de sabiás
sabendo que os rouxinóis vão trazer arrebóis
choro de imaginar !
prá festa da cumieira não faltem os violões !
muito milho ardendo na fogueira
e quentão farto em jenjibre aquecendo os corações

I
A casa é amizade construida aos poucos
e que a gente quer com beira e tribeira
Com gelosia feita de matéria rara
e altas platibandas, com portão bem largo
que é pra se entrar sorrindo nas horas incertas
sem fazer alarde, sem causar transtorno
Amigo que é amigo quando quer estar presente
faz-se quase transparente sem deixar-se perceber .

III
Amigo é pra ficar, se chegar, se achegar, se abraçar, se beijar, se louvar, bendizer
Amigo a gente acolhe e recolhe e agasalha e oferece lugar pra dormir e comer
Amigo que é amigo não puxa tapete oferece prá gente o melhor que tem e o que nem tem
quando não tem, finge que tem, faz o que pode e o seu coração reparte que nem pão.

...

Conforme anotação de 20/06/2004, explico que homenageio Herivelto Martins, Cartola e Lamartine nesses versos. Veja os grifos em itálico.

Mudando de conversa: ontem recebi um telefonema de Vitória Bonaiutti. Mesmo para os que não viveram a chamada época de ouro da Rádio Nacional, hão de saber da existência dos mitos Emilinha Borba e Marlene. Marlene: Vitória Bonaiutti.

Devo muito de minha vida artística àquela que ganhou o título de “É a maior”. E também a Linda Batista, “Rainha do Rádio” durante 11 eleições seguidas (e me corrija, Sergio Cabral, se eu estiver errado).

Na década de 50, estrelíssimas, prestaram atenção num reporterzinho mal ajambrado que, aos 16 anos, já tinha uma coluna em revista, a “Rádio-entrevista”.

O telefonema de minha querida Marlene, amiga de todas as horas, me fez percorrer os corredores da Rádio Nacional.

E, de repente, abrindo meu imeio, descubro que no YouTube existe uma imagem belíssima dessa fenomenal intérprete cantando Gonzaguinha, querido Gonzaguinha. E com a indicação de que há um outro vídeo disponível, de Linda cantando “Vingança”.

Sei lá, me dei conta de que minha vida é feita desses recortes: Linda, Marlene, Dalva, Herivelto, Lamartine, Capiba – tanta gente!

Divirtam-se, pois, com uma fantástica atuação de Marlene, que recém havia feito o “Te pego pela palavra” e o “É a maior” (esse último, parceria minha com Fauzi Arap). E rever Linda Batista em meu programa na TVE, é uma dádiva dos deuses.

Inté!

Hermínio Bello de Carvalho