segunda-feira, 28 de março de 2011

Repaginando a vida

Já gostei de festejar meu aniversário e, sobretudo, o aniversário dos outros. Lembro os de Ismael Silva, comemorados quando ainda habitava um “já-vi-tudo” no Beco do Rio, a pouquíssimos metros da antiga Taberna da Glória. A festa se espalhava pelo corredor do nono andar onde eu morava, com total cumplicidade (e adesão) de meus vizinhos. Bons tempos aqueles! E, é claro, quando o corredor apresentava congestionamento, o povaréu debandava para onde? Para a velha e hospitaleira e gloriosa e imbatível e saudosa Taberna – a antiga, aquela onde Mário de Andrade bebia com seus amigos, e onde também eu bebi com minha amada Aracy de Almeida.

Hoje faço 76 anos, contrariando todas as minhas expectativas. Estou vivo. Melhor dizendo, tecnicamente vivo.

Os jornais desta semana comentam a doação de meu acervo ao Museu da Imagem e do Som do Rio de Janeiro (MIS-RJ). Foi uma semana estafante: entrevistas, filmagens, algo que tomou proporção inusitada. Alguns chegaram a especular sobre a minha saúde. Calma, minha gente!

Resolvi fazer um texto, porque eu mesmo precisava me explicar essa quase doação de órgãos vitais à minha vida.

Desenho de Oscar Niemeyer

A doação que faço ao MIS não é produto de nenhum desânimo pessoal, mas o de ver minha casa abarrotada de material que poderia estar em circulação, tal e qual já experimentamos fazer na Escola Portátil de Música com a midiateca que tem meu nome. Sempre vociferei que a cultura é dinâmica, plural e tem que circular. Sempre lutei, sobretudo, quando trabalhei na Funarte, para que houvesse uma política de ocupação de espaços e, paralelamente, uma rigorosa política de formação de novas e jovens platéias.
Lamento, por exemplo, que o Projeto Pixinguinha (inspirado no Seis e Meia de Albino Pinheiro) tenha sido colocado fora de circulação. Com esse corte de 50 bi no orçamento, acho que a ministra Ana de Hollanda e o Antonio Grassi, presidente da Funarte, vão ter que se virar para reverter a situação. Que nossa presidenta, mais o Mantega, tenham sensibilidade para não contigenciar recursos para aquele já paupérrimo Ministério.

Outra reivindicação que faço – e, aliás, a encaminhei ao governador Sergio Cabral – seria a de ocupar as UPPs com ambulatórios culturais, aproveitando os recursos humanos formados pela já citada Escola Portátil e mais os já anunciados equipamentos de saúde e esporte. Bato pé nessa sugestão: a jovem (10 anos!) Escola tem, potencialmente, oficineiros e monitores capacitados para montarem salas de ensino de música brasileira nessas comunidades. É um erro tentar um confronto com o funk e o hip hop, manifestações já sedimentadas nessas unidades. Há que se levar um outro tipo de cardápio musical para essas unidades pacificadas, para que elas conheçam, por exemplo, as tantas jovens orquestras que animam nossas noites cariocas. Isso é, também, uma política de abertura de um mercado cada vez mais afunilado, no qual casas importantes (Canecão, Modern Sound) estão cerrando suas portas.

Acho que a nossa Secretaria de Cultura poderia reabrir o extinto Seis e Meia num horário mais lógico, e reviver, numa ação conjunta com a Secretaria de Educação, as chamadas sessões pedagógicas. Voltei ao Cine Odeon, onde havia assistido um documentário sobre lixo, para ver outro docudrama – o de Elza Soares. Éramos não mais que cinco espectadores naquele teatro lindo, que pode abrigar uma função alternativa no esvaziado corredor cultural da Cinelândia, um bairro hoje quase sem cinemas.

O carnaval de rua, cuja morte decretaram tantas vezes, não está de volta? Convoquem o Monobloco, o Cordão da Bola Preta e outros de igual estirpe para, quem sabe, sacudir os poerentos e modorrentos corredores culturais de uma cidade que possui prédios históricos que precisam promover ações dinâmicas: o Municipal, a Biblioteca Nacional, a Escola de Belas Artes, o fantástico auditório da ABI, a Leitaria Cave e a fabulosa Confeitaria Colombo. Sem falar dos bares vocacionados para o encontro dessa gente bronzeada que precisa mostrar seu valor. Vamos fazer bailes públicos sob os pilotis do Ministério da Cultura com a Furiosa Portátil, por exemplo.

Dessacralizar alguns desses templos, levando a garotada a utilizá-los de forma consciente. Seria sonhar muito alto? O canal da Unirio voltou a funcionar, e tomara que tragam nossa Joyce de volta; ela com seus programas paradidáticos arrasadores. E por que não abrir esse canal para nossos jovens criadores (músicos, poetas, compositores) – assim, como deveria fazer a ex-TVE, e como fazia a TV Cultura – em véspera de sucateamento? Enfim: não sonhemos pequeno.

ÁUREA MARTINS

Ontem, 27 de março de 2011, tomei uma decisão: banir de meus textos a palavra invisibilidade, quando tiver que escrever sobre Áurea Martins. Com uma Sala Baden Powell cheíssima, nossa Cara Preta (como ela se auto denomina, jocosamente) deitou e rolou, fez o que quis com a platéia e com seus músicos. “Meu Deus, onde andava essa mulher?” – veio me dizer um jovem, fascinado com o recital cheio de provocações (ela cantando a capella, ela desfiando o “Bala com bala”, literalmente duelando com a bateria do Cassius – “mas o que é que é isso?”

Anuncio o seguinte: agora em abril gravaremos o primeiro DVD de Áurea Martins, “Depontacabeça, até sangrar”. Participações especialíssimas de Fernanda Montenegro, Chico Buarque e Francis Hime.

E abram alas para Áurea Martins, portentosa, passar com seus exuberantes 70 anos.

domingo, 13 de março de 2011

Meu acervo, nosso acervo

Hermínio Bello de Carvalho e sua coleção de LPs 

Cabe uma explicação preliminar: estou sendo assediado pela imprensa para fornecer dados sobre a anunciada doação de meu acervo para o Museu da Imagem e do Som (MIS) do Rio de Janeiro, presidido por Rosa Maria Araújo. Tenho uma relação muito antiga com aquela casa, criada pelo governador Carlos Lacerda na década de 1960. O político ficara fascinado com as idéias expostas num texto do crítico musical Mauricio Quadrios, que foi nomeado por Lacerda como primeiro diretor da instituição.

Fiz parte do primeiro Conselho Consultivo, constituído por Ricardo Cravo Albin, que sucedeu a Mauricio Quadros na direção do MIS. Desse Conselho participava o crítico Ari Vasconcellos, que sugeriu, então, que se gravassem depoimentos de grandes figuras de nossa cultura. A sugestão do crítico foi aceita por aquela administração, inegavelmente dinâmica, que atendia às pretensões do novo diretor, a quem a saudosa Eneida dizia sofrer de “exuberante modéstia”. E a prova era a constituição do quadro do Conselho “Superior”, em número igual ao da Academia de Letras. Não se pode criticar Ricardo Cravo Albin por sonhar grande, vejam o caso do próprio Instituto que fundou para legar seu nome à posteridade.

Conversei, este final de semana, com os responsáveis pela criação e manutenção do www.acervohbc.com.br: Luiz Boal (da produtora Olhar Brasileiro), Alexandre Pavan e Luiz Ribeiro.

Expus minha fragilidade pessoal diante dessa coisa chamada Internet, instrumento que não domino. Meu próprio saite o acesso com dificuldade. Numa reunião aqui em casa, Rachel Valença (atual vice-presidente do MIS) me contou ter acessado o saite e encontrado uns sambas de Silas de Oliveira gravados em minha casa há mais de 40 anos.

Cabe explicar que era uma época em que eu era movido pelas manias de Jacob do Bandolim, que tudo gravava, que tudo registrava para seus arquivos. Tinha metodologia, aquele meu amigo: fichas milimetricamente impressas para que rolassem em sua máquina de escrever, numa ordem tipográfica irrepreensível. Até um pentagrama imprimira nelas, para fixar determinadas melodias. Muito tempo depois descobri, em meu arquivo, uma fita de Cartola sendo acompanhado ao violão pelo próprio Jacob, que o levara à sua casa em Jacarepaguá.

Eu já tinha um matulão de tralhas que colecionava. Roteiros em profusão de um tempo em que militei na Rádio MEC (da qual fui expulso depois) e outras centenas de textos de programas na extinta TVE. Atas e mais atas de conselhos dos quais fiz parte e uma parte iconográfica considerável – até um bilhete quase desaforado de Igor Stravinsky é uma das preciosidades desse arquivo.

Ficaria difícil, para mim, conversar com jornalistas sobre o acervo, sem que tivesse um suporte que me fosse fornecido pelos idealizadores e construtores do www.acervohbc.com.

São quase 5.000 LPs, são sessenta e poucas caixas com documentos cujo conteúdo acabei esquecendo, por não manuseá-los com a curiosidade de antes. São não-sei-quantos álbuns encadernados que contam um pouco da minha trajetória, que vale muito mais pelas pessoas que acreditavam naquele jornalistazinho, repórter maquetrefe de um só paletó, que ousou andar de braços com Linda e Dircinha Baptista, foi ao casamento de Heleninha Costa com Ismael Neto, e recebeu Ismael Silva em sua casa – quanta coisa, meu Deus!

Eu gravava tudo, deixava que fotografassem à vontade, mas não posso atribuir isso a um narcisismo meu. Claro que deveria haver um naco de vaidade nessa história. Mas a dimensão de meus arquivos só apareceu há mais ou menos duas décadas, quando comecei a perder amigos essenciais: Walter Wedhausen, Cartola, Nelson Cavaquinho, Elizeth Cardoso, Aracy de Almeida, Heleninha Costa – e sobretudo uma figura icônica dentro de meu currículo cultural, Valzinho. Era um compositor quase invisível, citado apenas, e olhe lá, por Radamés Gnattali e Tom Jobim.

Redescobri-lo, deu-me a certeza de algo que se consolidou recentemente, e conto pra vocês: meu encontro com o professor Antonio Cândido. Numa confêrencia que fez no Instituto Moreira Salles, no lançamento do livro “Pio & Mário, diálogo da vida inteira”, com introdução de Gilda Mello e Souza e traços biográficos de Cândido. Na rápida palestra que fez, confessou esquivar-se dos protagonistas dos fatos que vivenciara, preferindo, segundo ele, os “personagens secundários”. Por isso, ao invés de falar sobre o grande Mário de Andrade, abordou a relação do chamado Tio Pio com o pai do autor de “Macunaíma”.

Personagens secundários? Não custou muito a cair a ficha, como se diz vulgarmente. Dois exemplos vieram claros à memória: Valzinho e Clementina de Jesus, ele personagem anônimo da música popular, área onde Mãe Quelé debutara aos 62 anos de idade.  

Sempre declarei que este saite deveria funcionar como um prestador de serviços.  

A doação que faço atende à essa expectativa. Esclareço mais uma coisa: uma parte de meu acervo pessoal  já está destinado para a Midiateca Hermínio Bello de Carvalho, futuro cento de pesquisas da Escola Portátil de Música que, até 2012, esperamos, ganhará sede própria na rua da Carioca. Há pouco, doei mais de 100 livros para o espaço Vicente Maiolino.

Pedi aos meus irmãozinhos Luiz Boal, Alexandre Boal e Luiz Ribeiro, que me subsidiassem, e aos jornalistas que me procuram, com dados mais substanciosos, que estes, infelizmente, eu não os tenho compilados.  

Essa doação coincide com a edição de “Áporo Itabirano”, que reúne minha correspondência com Carlos Drummond de Andrade, e também com os 76 anos que completarei dia 28 de março corrente. Coincide, ainda, com a gravação de um DVD de Áurea Martins, pelo Canal Brasil/Biscoito Fino, outra personagem secundária que vem à luz, e de forma brilhante, após quase meio século de carreira artística.

Também já entreguei ao produtor João Carlos Carino todos os textos do livro “Figuras Musicais”, que está sendo ilustrado pelo grande caricaturista Baptistão, de São Paulo.

Atendendo ao meu amigo Rodrigo Velloso e ao poeta-compositor-profeasor Jorge Portugal, me associei às comemorações do centenário de Assis Valente, que serão promovidas pela Secretaria de Cultura de Santo Amaro da Purificação, onde aquele compositor nasceu. Será promovido um concurso de monografias, forma de se fazer o registro e obedecer àquele bordão cansativo e enferrujado que brado há longo tempo: “cultura tem que circular”.

Passo ao relatório formulado por meus amigos, e que espero seja imediatamente colocado no blog do nosso acervo.

Grato Luiz Boal. Grato, Alexandre Pavan e Luiz Ribeiro.

P.S. – Há uns dez ou quinze anos, um querido amigo e parceiro  entrou num estúdio para gravar vinhetas sobre aquilo que imaginávamos ser uma tentativa de catalogação de meu acervo. Falo de Chico Buarque de Holanda, que deu esse pontapé inicial no projeto do acervo. Lembro que João Carlos Carino, que então coordenava os trabalhos, reuniu uma equipe para filtrar a parte de áudio do arquivo. A consolidação desse trabalho deu-se, afinal. Há dois anos, graças a Boal, Pavan e Luiz Ribeiro.

Projeto Acervo HBC



ACERVO HERMÍNIO BELLO DE CARVALHO
1ª FASE – Patrocínio Petrobras Cultural ( Março/2007 )


A primeira fase do projeto Acervo HBC foi dedicada à organização do arquivo e a um levantamento mais detalhado de seus itens. Nesse trabalho, para surpresa da equipe envolvida, foi encontrada uma quantidade de documentos muito maior do que se imaginava. Além dos 10 mil itens contemplados neste projeto, é possível estimar outros 40 mil – principalmente material jornalístico, com recortes de jornais e revistas colecionados por Hermínio nas últimas cinco décadas.
Após a organização do arquivo, seus itens foram divididos nas seguintes categorias:

A) Áudio (músicas, entrevistas etc.)
B) Iconografia (fotos, caricaturas, quadros)
C) TEXTO
C1) Poesia (inédita e editada)
C2) Cancioneiro (letras de música inéditas e gravadas)
C3) Crônicas e ensaios (inéditos e editados)
C4) Entrevistas concedidas por Hermínio
C5) Material jornalístico diverso
D) Correspondência (cartas, bilhetes, e-mails, bilhetes etc.)
E) Rádio e Televisão (roteiros, catálogos e documentos de programas)
F) Coleção (documentos pessoais; esboços de projetos; programas e cartazes de shows; partituras etc.)

O número de documentos contemplados pelo projeto Acervo HBC pode ser resumido na tabela abaixo:

Categoria / Quantidade total de itens organizados/catalogados

Áudio = 870 horas
Iconografia = 3.500 imagens
Poesia = 440 textos
Cancioneiro = 305 textos
Crônicas e ensaios = 280 textos
Entrevistas = 45 textos
Correspondência = 500 itens
Material Jornalístico = 2.000 itens
Rádio e Televisão = 2.500 itens
Coleção = 400 itens

Para cada uma dessas categorias foi criada uma ficha catalográfica específica, sob as quais cada item do acervo foi inscrito, de acordo com suas características, tornando simples e rápida sua busca seja por categoria, data ou palavra-chave.

Backup
Os arquivos de áudio do acervo foram armazenados no formato AIFF com cópias em MP3 de alta fidelidade. Os arquivos de imagem, por sua vez, no formato JPEG, com 600 dpi de resolução. Por fim, os arquivos de texto, foram transpostos para .DOC. Além de armazenado no site oficial do acervo, todo esse conteúdo possui uma cópia de segurança armazenada em um hard disk (HD) adquirido pelo projeto com essa finalidade.

SITE
A criação do website do Acervo HBC – produto cultural final deste projeto – teve como princípio uma navegação simples e rápida. Por se tratar de um banco de dados com milhares de itens – envolvendo diversas personalidades artísticas, épocas distintas, enfim, um conteúdo abrangente –, o ponto de partida foi montar um sistema de busca refinado. O visitante do acervo virtual de Hermínio pode simplesmente “passear” pelas inúmeras seções (poesia, áudio, fotos etc.) ou então, caso seja necessário, optar por uma busca detalhada por data e/ou assunto e/ou palavra-chave. Por exemplo, é possível saber quais itens citam a cantora Clementina de Jesus no ano de 1965. Ou então, em quantos arquivos de áudio temos a voz de Elizeth Cardoso.
O Acervo HBC está registrado na internet sob dois endereços (domínios), ambos direcionando o visitante à página do projeto: www.acervohbc.com.br e www.herminiobellodecarvalho.com.br.

Blog do acervo
Durante o processo de montagem do site, foi incorporada a criação do Blog do Acervo, idéia que não estava contemplada na proposta deste projeto. O espaço, localizado na lateral direita da página inicial do site, comportando texto e imagem, será abastecido regularmente com novidades referentes ao próprio acervo. Por meio de blog, o visitante do arquivo virtual ficará informado das atualizações à medida que novos itens forem acrescentados ao acervo.


ACERVO HERMÍNIO BELLO DE CARVALHO
2ª FASE – Doação MIS, Manutenção e Digitalização


O objetivo da ação é evitar que os itens e objetos originais, atualmente acomodados em sua residência, sejam preservados adequadamente e possam ser consultados por mais pessoas.
Por acompanhar as atividades do Museu da Imagem e do Som do Rio de Janeiro desde que foi fundado (tendo, inclusive, participado de momentos marcantes da instituição), Hermínio tem apreço especial pela casa. Entusiasmado as mudanças planejadas para o MIS, ele oferece ao local a parte de seu arquivo que já foi catalogada e digitalizada pelo Projeto Acervo HBC. Em contrapartida, a instituição contribuiria com apoio para a realização da 2ª Fase do Projeto, que, ao ser finalizada, entregaria (em doação) ao MIS mais itens do arquivo de Hermínio.


O ACERVO
O acervo de Hermínio Bello de Carvalho é um patrimônio que inclui:

1) Áudio – Gravações contendo registros exclusivos e informais, porém de boa qualidade sonora, de apresentações musicais (shows ou ensaios caseiros), depoimentos, conversas e entrevistas de centenas de personagens da música popular brasileira. Alguns exemplos de gravações inéditas:

- Gravação feita na casa de Hermínio Bello de Carvalho com Paulinho da Viola apresentando o samba “Na Linha do Mar” a Clementina de Jesus;
- Depoimentos de Donga e Pixinguinha a Hermínio;
- Dalva de Oliveira canta acompanhada por Hermínio ao violão;
- João Bosco mostra a então inédita “Kid Cavaquinho” para a cantora Marlene, em encontro na casa de Hermínio;
- O compositor Cartola apresenta o samba “Autonomia” para Elizeth Cardoso;
- Aracy de Almeida canta o samba “Filosofia” (Noel Rosa) acompanhada por Nicanor Teixeira ao violão;
- Tom Jobim mostra para Hermínio, em primeira mão, a musica “Inútil Paisagem” (com Aloísio de Oliveira);

2) Iconografia – Além de fotos que documentam a história pessoal e profissional de Hermínio, com registros de centenas de personalidades artísticas nacionais e internacionais, com as quais ele conviveu e/ou trabalhou (Clementina de Jesus, Elizeth Cardoso, Nellie Lutcher, Sarah Vaughan etc.), o acervo ainda reúne desenhos, caricaturas e quadros assinados por nomes expressivos das artes plásticas, como Di Cavalcanti, Heitor dos Prazeres, Walter Wendhausen, Luiz Canabrava, Nássara, Cássio Loredano, Chico e Paulo Caruso, Hermenegildo Sábat, e Mello Menezes, entre outros.

3) Texto
3.a) Poesia – Obra poética completa de Hermínio Bello de Carvallho, com textos já publicados em livros, inéditos e manuscritos originais;
3.b) Cancioneiro – Obra musical completa de Hermínio, com as letras (editadas e inéditas) que ele produziu para os mais diversos parceiros: Cartola, Mauricio Tapajós, Pixinguinha, Nelson Cavaquinho, Radamés Gnattali, Jacob do Bandolim, Heitor Villa-Lobos, Eduardo Gudin, Paulinho da Viola, Elton Medeiros, Sueli Costa, Dona Ivone Lara e dezenas de outros;
3.c) Crônicas, ensaios e material jornalístico – Textos (editados e inéditos) escritos por Hermínio Bello de Carvalho, nos últimos 50 anos, a maior parte publivados nos quase 15 livros que tem editados e colaborações para a imprensa desde 1951 (“Revista da Música Popular”, “Leitura”, “Rádio Entrevista”, “O Globo”, “Pasquim” e outros);
3.d) Correspondência – Cartas, bilhetes, e-mails e cartões postais (quase todos inéditos) trocados com personagens como Carlos Drummond de Andrade, Laurindo de Almeida, Luiz Heitor Corrêa de Azevedo, Oscar Niemeyer, Elizeth Cardoso, Isaurinha Garcia, Waldemar Henrique, Cacaso, Carlos Cachaça, Luiz Bonfá, Joyce etc;

4) Discoteca - A discoteca atual de Hermínio Bello de Carvalho contem, aproximadamente, 4.500 (quatro mil e quinhentos) exemplares (em 10 e 12”). Segundo estimativa feita por Jairo Severiano, ela abrigava aproximadamente 7.000 exemplares. Ela abrange, sem preconceitos, todas as gamas da produção discográfica brasileira. A coleção referente a Villa-Lobos e outros autores clássicos, foram sendo doadas por absoluta falta de espaço. A que agregava discos de 78rpm, e adquirida de Walter Wendhausen, foi doada ao modinheiro Paulo Tapajós possivelmente na década de 60/70.

Nesta nova fase do projeto, o site do Acervo HBC será ampliado da seguinte maneira:

a) Catalogação e digitalização de mais 10 mil itens do arquivo pessoal de Hermínio Bello de Carvalho, sendo 235 horas de áudio, 200 imagens, 50 poemas, 50 letras de música, 50 crônicas e ensaios, 30 entrevistas, 100 itens de correspondência, 5 mil recortes jornalísticos, 400 itens de coleção e 2 mil páginas de roteiros e rascunhos de projetos de espetáculos e discos;

b) Criação de um canal de vídeos, por meio do qual o site veiculará, semanalmente, programas inéditos de média duração. Com apresentação do próprio Hermínio, os vídeos exibirão os itens do arquivo, explicando o contexto, as histórias e revelando curiosidades. As gravações serão feitas na casa do compositor ou em locações da cidade do Rio de Janeiro relacionadas ao tema a ser tratado no vídeo. Pretende-se, por exemplo, produzir um programa sobre o restaurante Zicartola, cuja fundação foi acompanhada por Hermínio, padrinho de casamento de Zica e Cartola A edição dessa gravação usará fotos, áudios e material jornalístico da época do Zicartola pertencentes ao Acervo HBC. Além disso, o canal de vídeos também oferecerá programas-entrevista em que Hermínio conversará com personagens ao seu trabalho como compositor, produtor e poeta. Por exemplo, um papo com Paulinho da Viola a respeito da parceria de ambos; uma conversa com Turíbio Santos sobre a obra de Heitor Villa-Lobos; entrevistas com Simone, Zélia Duncan, Chico Buarque etc.;

c) Construção de um blog. Hermínio é um pensador da cultura brasileira e, diariamente, produz textos (poemas, crônicas, artigos) referentes aos mais diversos temas. Um blog integrado ao site do Acervo HBC será responsável por divulgar, através de comentários críticos, este vasto material inédito, ampliando o contato com os visitantes da página e abrindo um fórum de discussão. O espaço, localizado na lateral direita da página inicial do site, comportando texto e imagem, será abastecido diariamente. Também por meio do blog, o visitante do arquivo será informado das atualizações à medida que novos itens forem acrescentados ao acervo;

d) Atualização das ferramentas multimídia do site, a partir da renovação do gerenciador de busca, da atualização do design e do gerenciador de conteúdos, e ainda a utilização de uma ferramenta para divulgação do blog e das novidades do site por meio de um consciente e responsável mailing. O portal também será conectado às redes sociais. Assim, cada vez que um item for acrescentado ao site, os internautas que acompanham o projeto no Facebook ou Twitter ficarão informados instantaneamente.

ACERVO HBC – NOVA FASE

Categoria / Previsão de itens a serem organizados/catalogados

Áudio = 235 horas
Iconografia = 200 imagens
Poesia = 50 textos
Cancioneiro = 50 textos
Crônicas e ensaios = 50 textos
Entrevistas = 30 textos
Correspondência = 100 itens
Material Jornalístico = 5.000 itens
Rádio e Televisão = Todo material disponível está digitalizado
Coleção = 400 itens
Roteiros/projetos de espetáculos/discos = 2.000 itens

***
Responsáveis pelo projeto Acervo Hermínio Bello de Carvalho
Alexandre Pavan – Coordenador geral
Luiz Ribeiro – Técnico em áudio e coordenador-assistente
Luiz Boal – Coordenador Administrativo
Jacira Berlinck e Tatiana Maciel – Catalogação e acervo