Sei lá, recebi tão comovedoras mensagens pela data de hoje (que ignorava ser Dia do Amigo), que me senti na terna obrigação de colocar aqui no blog os versos que fiz para um lindo choro de meu queridíssimo Capiba. Essa música foi inicialmente gravada por Zé Renato e Lenine, e posteriormente por Simone e Zélia Duncan. Dedico-a a vocês.
AMIGO É CASA
Capiba/Herminio Bello de Carvalho
I
Amigo é feito casa que se faz aos poucos
e com paciência pra durar pra sempre.
Mas é preciso ter muito tijolo e terra
preparar reboco, construir tramelas.
Usar a sapiência de um joão-de-barro
que constroi com arte a sua residência
a que o alicerce seja muito resistente
que às chuvas e aos ventos possa então a proteger
II
E há que fincar muito jequitibá
e vigas de jatobá
e adubar o jardim e plantar muita flor
toiceiras de resedás
não falte um caramanchão pros tempos idos lembrar
que os cabelos brancos vão surgindo
Que nem mato na roceira que mal dá pra capinar
e há que ver os pés de manacá
cheinhos de sabiás
sabendo que os rouxinóis vão trazer arrebóis
choro de imaginar!
prá festa da cumeeira não faltem os violões!
muito milho ardendo na fogueira
e quentão farto em jenjibre aquecendo os corações
I
A casa é amizade construida aos poucos
e que a gente quer com beira e tribeira
Com gelosia feita de matéria rara
e altas platibandas, com portão bem largo
que é pra se entrar sorrindo nas horas incertas
sem fazer alarde, sem causar transtorno
Amigo que é amigo quando quer estar presente
faz-se quase transparente sem deixar-se perceber.
III
Amigo é pra ficar, se chegar, se achegar, se abraçar, se beijar, se louvar, bendizer
Amigo a gente acolhe e recolhe e agasalha e oferece lugar pra dormir e comer
Amigo que é amigo não puxa tapete oferece prá gente o melhor que tem e o que nem tem
quando não tem, finge que tem, faz o que pode e o seu coração reparte que nem pão.